sexta-feira, 20 de abril de 2012

O que é designer gráfico?

Não é fácil ser designer gráfico no interior. Há uma ausência de conhecimento técnico grande, por tal pode desvalorizar totalmente seus serviços. Conheça a realidade de quem exerce esta profissão nas menores cidades do país

Cidade de interior é cidade de conhecido. O mercadinho da esquina, que é do tio João, que é casado com a tia Joana, afiliada da Catarina, irmã do Bento vizinho da Roberta. São cidades que sua tabela de preço deve ser refeita do zero, no mínimo com um corte de 50% no preço. “Nossa, mas tudo isso para fazer um folhetinho? Esqueça, o filho da Maria faz isso aí de graça!”

Quando se trata de design gráfico no interior, é algo que deve ser meramente minimizado e consolidado a duas palavras: “deseinho” e “marquinha”. Basicamente é esquecer termos como branding, grids, folders, entre outros…


O fato é que: Ser designer gráfico não é apenas sentar diante de um computador e acreditar que tudo se limita ali, naquela tela. O computador é apenas uma ferramenta de trabalho e não o começo-meio-fim. O design é uma explosão de criatividade, envolvendo chamadas, noções, padrões e inspirações.No geral, as pessoas confundem o que diferencia o desenho feito no computador e o que de fato ele reflete. O cliente pede ao designer um deseinho, uma marquinha… É comum o cliente pedir para desenhar seu logotipo, mas a forma como se pede lhe parece apenas um simples desenho, um selo sem personalidade, sem qualquer semântica. Já parou para pensar a importância desse desenho? Imagine que esse desenho será carregado nas costas da empresa por longas datas, será bordada na camisa dos funcionários, impressa nos cartões de visita entre demais outros veículos de comunicação…
Esse é um exemplo digno de que, o aparente “fácil” pode não ser algo tão fácil assim. Na visão do cliente, oras, basta sentar no computador e fazer um deseinho simples, pronto, cadê a complicação?


Quando se trata de design, principalmente pra quem está começando: A primeira coisa que vem na mente é o computador. Hoje em dia, todo mundo tem na família o irmão, primo, tio, papagaio, amante que manja naqueles programas gráficos. O sobrinho que fez o cartaz da padaria, o cartão do seu Jorge, o convite de aniversário da Júlia. Porém, eles não são designers, são pessoas que dominam softwares gráficos! Há uma enorme diferença aí. O computador para o designer é a ferramenta que finaliza o trabalho, que deixa a ideia bonita, que transforma letras em linhas com dégradé. É como na engenharia: Ver equações virarem eixos, PiR² virar discos estruturais, cotas darem sentido a uma barra de reforço. Depois de centenas de folhas rabiscadas, esboçadas, alguns trechos de livros lidos, poemas, histórias é hora de juntar tudo e criar uma essência, a filosofia do produto final. Depois com a ideia montada ou pré-montada, passamos para o computador e finalmente cumprimos com o briefing.

Em agências, um dos maiores problemas que o designer enfrenta é o tempo. O cliente liga na agência cinco e cinquenta e nove e quer o serviço para ontem. Aí você tem que se matar para fazer algo bonito, bem feito e com boa impressão, num tempo muito curto. A modo popular “o cara tem que ser ninja”. A empresa tem trezentos itens a ser discutidos, e quanto à identidade visual? A marca? Os folhetos e outdoors teaser que será publicado? Ah, deixa por último é dois pauzinhos no computador.


Apesar dos estresses diários (que irão ocorrer!), das contraditórias e ideias negadas, ser designer não é bem a profissão para quem quer ganhar dinheiro rápido. É para quem gosta, para que tem disposição para enfrentar o que vir para vestir a camisa “Eu sou designer”. Não se ganha muito dinheiro sendo designer no Brasil, principalmente no início. Mas força, garra e persistência, pode te tornar um bom designer, com muito sucesso profissional e econômico também.

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